sábado, 12 de julho de 2008

O olhar feminino

Muitos são os problemas sociais que percebemos à primeira vista. Não é preciso muito esforço para percebermos a fome das crianças, o desemprego das famílias e a falta de saúde dos pobres… Não é preciso muito esforço para descobrir que o mundo vive guerras sem fim, expressões do poder imperialista de alguns povos sobre outros. É povo contra povo, cultura contra cultura. Todavia, quando se trata de rever as relações sociais que são também relações de poder, entre mulheres e homens nem sempre percebemos essa problemática à primeira vista. Estamos de tal maneira habituados a viver certos papéis sociais que achamos que eles fazem parte da própria natureza humana. Achamos que os modelos de ser homem e ser mulher sempre foram assim e portanto devem ser assim. Invulgarmente pensamos nos processos de evolução histórica e cultural, nos encontros entre culturas, nas influências recíprocas. Raramente nos damos conta de forma existencial que são os diferentes grupos e pessoas nas diferentes relações que criam suas interpretações antropológicas e sociais.
Abordar o sofrimento humano e a mulher, parece uma questão superficial; parece um tema já tão usado que nem desperte interesse ou necessidade de fazer uma dissertação. Será nossa intenção descrever os antecedentes da mulher e, a luz da contemporaneidade, analisar seu sofrimento, que por vezes não é só de ordem física, num contexto de ordem social e religiosa.
Dedicar um dia especial à mulher não muda o carácter patriarcal e machista da sociedade. De certo modo, a sociedade sempre permitiu que houvesse um dia das mulheres, para que, no dia seguinte tudo voltasse ao normal.
As Igrejas cristãs têm uma dívida moral com a mulher. As mais antigas nem aceitam ainda dar à mulher o pleno acesso aos ministérios eclesiais. A maioria das igrejas evangélicas deram este passo e, hoje, as mulheres podem ser pastoras, mas isso não mudou ainda a estrutura patriarcal dos ministérios, ainda pensados para homens. Os Evangelhos contam que Jesus ressuscitado apareceu em primeiro lugar às mulheres, fazendo delas suas discípulas. É uma implícita indicação de que a promoção da mulher é um sinal pascal importante. De facto, o mundo precisa desta dimensão feminina que humanizará as relações e transformará a sociedade. A principal intencionalidade é realizar um levantamento aprofundado e descrever analiticamente algumas implicações da mulher e sua evolução, suas lutas, seus encantos e desencantos…


daniel

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